quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Modulo 5 - parte II

E como enfrentar estas novas exigências do mercado de trabalho? Como preparar jovens que
atendem estas demandas específicas sem se afastar dos princípios éticos da solidariedade. Competir, mas sobretudo colaborar com o outro?
E quais são as competências que exigem atualmente do jovem? Conhecimento científico ?
Capacidade de adequar-se ao novo modelo de produção? Empatia? Inteligência Emocional? Competência interpessoal? Agilidade, audácia, criatividade e criticidade? Capacidade de construir, de realizar alguma coisa? Tomar iniciativa? Assumir riscos? O sujeito que aprende a viver, em cada momento, as suas limitações na tentativa de superação ? Ser paciente e dar tempo, inclusive, para o desenvolvimento das idéias? Estamos preparando o jovem para enfrentar as dificuldades e as incertezas da vida? Compreender a unidade complexa da natureza humana? Perceber a necessidade de ler implícito . Ter a consciência do infinito ? ( Barros Leal:2001)
Estudos e pesquisas têm indicado o valor da formação do professor. Qual formação poderia
preparar o sujeito que exerce o ofício de professor em possível profissional que atenda à sua realidade enquanto cidadão e à demanda dos alunos, da sociedade e do mundo do trabalho? Quais as mudanças?
Quais as garantias? Assim arricamos afirmar, que precisamos de aulas que ultrapassem a aprendizagem reducionista dos conteúdos específicos, técnicos e não passem de raspão pelos saberes essenciais ao homem, como se estes fossem apenas conteúdos obrigatórios. Ë imprescindível que os jovens aprendam com os outros. Mas, para isso é necessário estabelecer a ruptura com o aulismo restrito, com um ensino alienante e alienado , utilizando- se de um discurso e uma pratica atualizada: transversalizada, complexa, interdisciplinarizada, integrada aos conteúdos críticos. O aluno é um grande mobilizador de energia e o encontro geracional do educador e educando, ambos em consonância de objetivos, metas e compromisso, podem reverter um cenário do ensino aprendizagem,
onde o aluno e um sujeito passivo. Pensar em experiências de aprendizagem como um dos caminhos essenciais a formação do aluno.
Indicamos outras indagações.
Arriscamos então, muito embora, reconheçamos que estamos em contínuo processo de mudança, que a noção de didática deva ser ressignificada, que o ensino deve ultrapassar o reducionismo da ótica estrita do saber, que o professor recupere sua auto-estima e se reconheça como um profissional importante na escola e para a escola, que a formação do professor vá além de sua natureza técnica e ultrapasse as fronteiras ligando-se aos saberes globais. Que o processo de formação, hoje, deve ser um permanente devir, investigativo, pesquisador, confrontando os saberes formais do conhecimento com os saberes informais das experiências dos professores no seu cotidiano. Donald Schon deu uma grande colaboração quando reconheceu que o professor tem um sabedoria negada, esquecida. A sabedoria da prática, por isso, ele ( Schon) dá ênfase a uma epistemologia da prática. Faz sentido então, o professor organizar condições para o aluno realizar experiências de aprendizagem em suas mais diversas linguagens e natureza: cognitiva, afetiva, humana, técnica, comunicacional, entre outras, Formar também para atuar de modo autônomo, criativo e solidário no exercício do trabalho.
Para o professor, arriscamos expressar:
?? ter a capacidade de se reconhecer como uma pessoa com possibilidades de renovação e
capacidade de relacionar-se com o outro ( competência interpessoal)
?? ser capaz de refletir sobre o seu saber – fazer, na perspectiva de propiciar aulas alegres,
sérias, exigentes, utilizando diferentes métodos e técnicas, jogos e dinâmicas, saberes e
linguagens, e códigos;
?? ter condições de fazer a leitura contextualizada e propiciar ao aluno a interdisciplinariedade
do conhecimento;
?? Partilhar de uma visão ampla das questões sociais e suas relações com as situações
cotidianas; leituras , debates, dúvidas ( pois a dúvida ensina, tanto ao aluno quanto ao professor);
??Buscar a resolução dos problemas , colocar o aluno diante de desafios cognitivos, problematizações, representações do imaginário coletivo; desfazer e descontruir
conhecimento para reconstrui-lo através de questões partilhadas em sala; ligar os
problemas menores às grandes questões universais, planetárias ;
?? Adquirir resistência aos embates diários nos cenários de sala de aula, trabalhando com as
diferenças, administrando os diversos níveis, avaliando continuamente sua prática;
?? Aprender a lidar com as incertezas do cotidiano, para não mergulhar na decepção dos
crédulos ingênuos ( competência humana: habilidade para desenvolver atitudes de
otimismo); discutir a temporalidade, a incerteza, a oportunidade, o otimismo,
transversalizando esses saberes com os conteúdos formais;
?? Acreditar na esperança, no sendo, no devir, no mudar, na transformação, partilhando com
os alunos, os companheiros de profissão, das decisões em sala, construindo normas e
limites no processo da co-gestão;
?? Dizer a sua palavra com adequação o que significa aprender a ouvir, a escutar e a falar principalmente dizer de si e dos outros, aprender a dar razão ao aluno, a deslumbrar-se
com as revelações. Schon alerta para que aprendamos a sermos sensíveis ao inusitado, ao
imprevisível.
?? Compreender os sujeitos, o aluno com sua subjetividade. Ter sensibilidade sobre a
realidade de vida de cada sujeito, dos problemas cotidianos, com a atitude corajosa de
enfrentamento dos desafios postos em sala de aula. Ter a coragem de romper com os
paradigmas rígidos que aprisionam a essencialidade do professor. Ensinar a enfrentar o

vestibular, sem perder de vista, o mais essencial para o aluno é ele também aprender a lidar
com os sucessos e fracassos, tão presentes na vida humana;
?? Construir conhecimentos numa perspectiva do novo, do desafiador; Falar das diferenças de
oportunidades, das demandas do mundo do trabalho, da competitividade, do
empreendedorismo. Mas, falar também e muito mais, da ética, das lutas e da desigualdade.
Concluímos, ressaltando o valor que deve ser dado a formação dos professores, para que os
mesmos desafiem a si mesmos, com o compromisso de formar jovens capazes de protagonizarem sua história e redimensionarem sua capacidade de lidar com a vida. Isto é essencial!
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