quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Aprofundando o olhar teórico sobre o conto

O que nos choca é a reação de Fortunato diante da dor do rato:

  • Já vai.
  • E com um sorriso único, reflexo de alma satisfeita, alguma coisa que traduzia a delícia íntima das sensações supremas acompanhando a tesoura com os olhos, olhando para o rato meio cadáver.
  • Ao descê-lo pela quarta vez, até a chama, deu ainda mais rapidez ao gesto, para salvar, se pudesse, alguns farrapos de vida.
  • Nem raiva, nem ódio; tão somente um vasto prazer, quieto e profundo, como daria a outro a audição de uma bela sonata ou a vista de uma estátua divina, alguma coisa parecida com a pura sensação estética.

O resultado da cena é a dicotomia dor (do rato) versus prazer (de Fortunato).

Notamos que essa cena é a de maior emoção; trata-se do clímax do conto e apresenta a verdadeira natureza do personagem Fortunato, que ao longo da narrativa mostrara-se solidário à dor alheia. Essa é a perspectiva de Garcia que o narrador conduz, conduzindo também o leitor. Daí nossa perplexidade e emoção.


Agora podemos fazer um percurso mais teórico, ou seja, estudar o contexto histórico, a escola literária, as contribuições de outras áreas do conhecimento – é evidente que nesse conto há elementos da Psicologia relacionados à natureza psíquica de Fortunato –, como se desenvolve o enredo, quais aspectos relevantes de sua estrutura narrativa, o gênero a que pertence.

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