domingo, 9 de outubro de 2011

Modulo TIPOLOGIA TEXTUAL - Texto Descritivo

Tipo descritivo

Esse tipo de texto apresenta sequências de base com o predomínio de verbos de estado e adjetivos que caracterizam pessoas, ambientes e objetos. É raro encontrarmos um texto exclusivamente com sequências descritivas. Quase sempre a descrição vem mesclada a outras categorias, caracterizando um personagem e detalhando um cenário, um ambiente ou paisagem dentro de determinado gênero: romance, conto, crônica ou novela.


Dessa forma, a descrição pura geralmente aparece como parte do gênero relatório técnico, como no caso da descrição de peças de máquinas, órgãos do corpo humano, funcionamento de determinados aparelhos (descrição de processo). Por isso, a sequência descritiva vem dentro de uma narração e faz parte de gêneros textuais como um relatório, uma pesquisa, dissertações em geral.



No processo de produção textual com sequência descritiva, o locutor seleciona os elementos e os organiza para levar o seu interlocutor a formar ou conhecer a imagem do objeto descrito, isto é, a concebê-lo sensorial ou perceptualmente.


Tipo descritivo

Esse tipo de texto apresenta sequências de base com o predomínio de verbos de estado e adjetivos que caracterizam pessoas, ambientes e objetos. É raro encontrarmos um texto exclusivamente com sequências descritivas. Quase sempre a descrição vem mesclada a outras categorias, caracterizando um personagem e detalhando um cenário, um ambiente ou paisagem dentro de determinado gênero: romance, conto, crônica ou novela.


Dessa forma, a descrição pura geralmente aparece como parte do gênero relatório técnico, como no caso da descrição de peças de máquinas, órgãos do corpo humano, funcionamento de determinados aparelhos (descrição de processo). Por isso, a sequência descritiva vem dentro de uma narração e faz parte de gêneros textuais como um relatório, uma pesquisa, dissertações em geral.



No processo de produção textual com sequência descritiva, o locutor seleciona os elementos e os organiza para levar o seu interlocutor a formar ou conhecer a imagem do objeto descrito, isto é, a concebê-lo sensorial ou perceptualmente.

Como exemplo, leia o conhecido texto de Vinicius de Moraes “A casa materna” e observe como o autor descreve a casa priorizando o espaço e situando-a num tempo subjetivo que só existe nas impressões interiorizadas da lembrança do observador.

Como exemplo, leia o conhecido texto de Vinicius de Moraes “A casa materna” e observe como o autor descreve a casa priorizando o espaço e situando-a num tempo subjetivo que só existe nas impressões interiorizadas da lembrança do observador.

A casa materna
Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão têm uma velha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas plantas, tinhorões a samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.
É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta de almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como em prece, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar.
A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de sombras. Na estante, junto à escada, há um tesouro da juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema de beleza: o verso.
Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença dos passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangas espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoito de araruta – pois não há lugar mais propício do que a casa materna para uma boa ceia noturna. E porque é uma casa velha, há sempre uma barata que aparece e é morta com uma repugnância que vem de longe. Em cima ficaram guardados antigos, os livros que lembram a infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura materna, sabe por que queima, às vezes, uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna. Hoje, vazia. A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola. Seu corpo como se marca ainda na velha poltrona da sala e como se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre da casa, a figura paterna parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se fazem mais lentas e mãos filiais mais unidas em torno da grande mesa, onde já vibram também vozes infantis.
(Vinicius de Moraes)


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