terça-feira, 6 de dezembro de 2011


Pragmática: atos de fala ou atos de linguagem

Foi com um ato de fala — segundo o livro Gênesis, da Bíblia — que Deus iniciou o universo. Deus disse “Fiat lux”, a luz se fez. A partir daí, todo o resto se criou e ao mesmo tempo em que as coisas estavam sendo criadas, Deus as nomeava.


Austin foi o primeiro teórico a apontar o fato de que dizer significa transmitir informações, mas significa também e, sobretudo, uma forma de agir sobre o interlocutor e sobre o mundo ao redor.


Até então, os linguistas e os filósofos, de modo geral, pensavam que as afirmações serviam apenas para descrever um estado de coisas e, portanto, eram verdadeiras ou falsas. Austin põe em xeque essa visão descritiva da língua, mostrando que certas afirmações não servem para descrever nada, mas sim para realizar ações. Ou seja, as falas e os discursos estão carregados de intencionalidade.


Austin dividiu os atos de fala em dois tipos:


São aqueles que descrevem ou relatam um estado de coisas e que, por isso, se submetem ao critério de verificabilidade, isto é, podem ser rotulados de verdadeiros ou falsos. Na prática, são os enunciados comumente denominados de afirmações, descrições ou relatos.
Exemplos:

  • Eu sou professora.
  • Eu gosto de morango.
  • A Terra é redonda.

Enunciados performativos

São enunciados que não descrevem, não relatam, nem constatam nada e, portanto, não se submetem ao critério de verificabilidade (não são falsos, nem verdadeiros). São enunciados que realizam uma ação (por isso, o termo performativo: o verbo inglês to perform significa realizar).

Exemplos:
  • Declaro-os marido e mulher.
  • O réu está condenado a 10 anos de prisão.
  • Declaro aberta a sessão.
  • Ordeno que você saia.
  • Eu te perdoo.

Nesse sentido, dizer algo é fazer algo.

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