domingo, 4 de dezembro de 2011

Enunciação, Discurso, Pragmática e Semiótica

Linguística Textual

Antes do surgimento da Linguística Textual, no período da Linguística Estrutural, o texto era entendido como objeto de significação e sua estrutura era estudada. A Linguística, até a década de 1970, não lançava sua atenção para além dos limites da sentença em um texto, nas estruturas fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas, independente do texto ou do contexto em que eram geradas. Posteriormente, percebeu-se que as análises não deveriam ficar restritas à análise gramatical de sistemas linguísticos abstratos ou ideais, e que o uso efetivo da língua e seu contexto de criação deveriam ser levados em conta.

Esses estudos não negavam o objeto estruturado — a língua —, mas colocavam em foco, também, os mecanismos usados pelos falantes para transformá-lo em discurso.

Nesse momento, apenas foi reconhecido o fato de que o contexto em que o discurso é produzido teria de ser levado em conta e que o uso efetivo da língua também deveria ser objeto de estudo e de análise. Não significava estudar apenas o que o texto diz, mas também como o faz para dizer. O texto é visto como objeto de significação e como objeto de comunicação entre dois sujeitos.

A Linguística Textual toma como objeto de investigação não mais a frase, mas o texto.

Vamos relembrar um pouco o estruturalismo e o gerativismo

O estruturalismo teve o seu papel nos estudos das teorias de texto. Ferdinand Saussure definiu que a língua era um instrumento de si mesma, um sistema de signos e de regras, um conjunto de convenções próprias e homogêneas que permite a um grupo se comunicar.

Apesar de o estruturalismo ser um estudo aparentemente redutor e simplista da língua, ele veio em muito contribuir com os estudos da Linguística, principalmente com o da comutação, que segmentava o corpus (constituído pelas estruturas construídas por um falante), isolava-o em suas unidades significantes e unidades significantes mínimas – morfológicas, fonéticas, sintáticas e até mesmo semânticas, quando procura traços distintos (na ordem da significação) e permite descrever melhor os fenômenos da sinonímia, polissemia, homonímia, metáfora e metonímia.

Noam Chomsky, ampliando os estudos estruturalistas, percebeu que essa teoria não levava em conta uma característica muito importante da linguagem: a criatividade. Ele apresenta o fato de o ouvinte/falante ter a seu dispor um número infinito de estruturas em que ele pode produzir e interpretar todas as frases da língua. Surge, então, a gramática gerativa.

A gramática gerativa cria a concepção de que a língua não é estática, de que os fatos estão apenas no nível das sequências morfológicas, fonéticas, e também subjacentes a um conjunto de regras de transformação que passam de uma estrutura profunda a uma estrutura de superfície, ou seja, de uma descrição estrutural de um dado corpus pela simulação – sob a forma de derivações hipotético-dedutivas a uma série de operações ordenadas –, cujo resultado é a frase. Os gerativistas ampliam os estudos estruturalistas quando vinculam o léxico à sintaxe. Todavia, ainda estão longe da teoria do texto, visto que ainda não dão importância ao contexto situacional, social, psicológico, cognitivo ou psicanalítico em que o discurso é produzido.

Língua estática - não está se dizendo que o estruturalismo tinha visão de línguua estática, pois sua concepção tinha como base a dicotomia sincronia/diacronia explicada no curso de Línguistica geral, de Saussure. Essa dicotomia traz em si a ideia de que a língua não estática, o que também é descrito com precisão na obra de Hjelmslev, continuador de Saussure nos Prolegômenos a uma teoria da linguagem. Toda via, apesar dos estudos de Saussure os estudos de língua ainda estavam muito relacionados à palavra, não ao contexto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário