Trabalhando a figuração
A figuração na construção de sentido
As letras das canções populares aliadas a fatos da língua e a textos literários podem criar ambiente propício para aprendizagem e tornar o estudo mais interessante. Algumas canções dialogam de forma explícita ou implícita com as estéticas literárias ou com os recursos linguísticos que os escritores da diversas escolas empregam em seus textos.
A canção “Planeta Água” composta por Guilherme Arantes e interpretada maravilhosamente por Céu pode servir de mote para o estudo da conotação, das funções referenciais e poéticas ,da introdução ao conceito de literatura e de estruturas línguísticas que compõem o texto.
Planeta Água
Céu
Composição: Guilherme Arantes
Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...
Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão( 1)
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas
Ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos...
Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão...
Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris
Sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas
Na inundação... (2)
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...( 3)
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...
Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)
Proposta:
Iniciar a aula com o provérbio “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura” e explicar aos alunos o caráter moral e figurativo do texto. Propor que expliquem o significado poético de “água” e sua plurissignificação. Em seguida ,elenque as possíveis interpretações figurativas em um quadro e proponha a transcrição do provérbio para linguagem denotativa.
Discuta com os alunos os dois quadros ( conotativo e denotativo) e analise os efeitos de sentido provocados pela linguagem figurada. Neste momento , seria interessante explorar o conceito de polissemia e plurissignificação para que se sedimente a noção de funções poética e referencial da linguagem.
Apresente a canção e solicite ao grupo que analise a denotação e a conotação em “água”. Espera-se que seja observado o percurso ou o ciclo da água como metáfora do percurso do ser humano.
A canção propõe figurações interessantes:
1 – Gradação: fonte, riacho,ribeirão e rio metaforizam o percurso humano.
2 - Antítese e metáfora : estabelece relação com os diversos tipos de pessoas que são capazes de praticar o bem e o mal.
3- Metáfora e antítese : estabelece relação com os diversos tipos de pessoas importantes ou simples que ao final de seu percurso terão o mesmo destino.
Gramática:
Vale a pena destacar o emprego da oração adjetiva como agente coesivo e caracterizador no texto. Há duas funções claras: caracterizar a água e promover a continuidade do texto ( refletindo o fluxo da água)
Literatura : O poema Ato de contrição, depois de se confessar do poeta Barroco, Gregório de Matos apresenta o elemento água como metáfora . Vale a pena analisar as semelhanças e diferenças.
Fechamento:
Após a análise da canção, retome o provérbio do início da aula e mostre aos alunos a força figurativa da “água” como metáfora para vida e para os caminhos humanos.
Proponha textos em que sejam empregadas figurações para “água” ou outro elemento da natureza.
Fixação da aprendizagem:
Texto interessante para analisar a metonímia “coração” e a metáfora marítima.
Velas içadas
Composição: Ivan Lins / Vitor Martins
Seu coração é um barco de velas içadas
Longe dos mares, do tempo, das loucas marés
Seu coração é um barco de velas içadas
Sem nevoeiros, tormentas, sequer um revés
Seu coração é um barco jamais navegado
Nunca mostrou-se por dentro, abrindo os porões
Seu coração é um barco que vive ancorado
Nunca arriscou-se ao vento, às grandes paixões
Nunca soltou as amarras
Nunca ficou à deriva
Nunca sofreu um naufrágio
Nunca cruzou com piratas e aventureiros
Nunca cumpriu o destino das embarcações
Nenhum comentário:
Postar um comentário