terça-feira, 27 de março de 2012

LÍNGUA PORTUGUESA COM MÚSICA

A conotação – A força da água

Trabalhando a figuração

A figuração na construção de sentido

As letras das canções populares aliadas a fatos da língua e a textos literários podem criar ambiente propício para aprendizagem e tornar o estudo mais interessante. Algumas canções dialogam de forma explícita ou implícita com as estéticas literárias ou com os recursos linguísticos que os escritores da diversas escolas empregam em seus textos.

A canção “Planeta Água” composta por Guilherme Arantes e interpretada maravilhosamente por Céu pode servir de mote para o estudo da conotação, das funções referenciais e poéticas ,da introdução ao conceito de literatura e de estruturas línguísticas que compõem o texto.

Planeta Água

Céu

Composição: Guilherme Arantes

Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão( 1)
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que caem das pedras
No véu das cascatas
Ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos...

Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão...

Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris
Sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas
Na inundação... (2)

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...( 3)

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...

Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)

Proposta:

Iniciar a aula com o provérbio “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura” e explicar aos alunos o caráter moral e figurativo do texto. Propor que expliquem o significado poético de “água” e sua plurissignificação. Em seguida ,elenque as possíveis interpretações figurativas em um quadro e proponha a transcrição do provérbio para linguagem denotativa.

Discuta com os alunos os dois quadros ( conotativo e denotativo) e analise os efeitos de sentido provocados pela linguagem figurada. Neste momento , seria interessante explorar o conceito de polissemia e plurissignificação para que se sedimente a noção de funções poética e referencial da linguagem.

Apresente a canção e solicite ao grupo que analise a denotação e a conotação em “água”. Espera-se que seja observado o percurso ou o ciclo da água como metáfora do percurso do ser humano.

A canção propõe figurações interessantes:

1 – Gradação: fonte, riacho,ribeirão e rio metaforizam o percurso humano.

2 - Antítese e metáfora : estabelece relação com os diversos tipos de pessoas que são capazes de praticar o bem e o mal.

3- Metáfora e antítese : estabelece relação com os diversos tipos de pessoas importantes ou simples que ao final de seu percurso terão o mesmo destino.

Gramática:

Vale a pena destacar o emprego da oração adjetiva como agente coesivo e caracterizador no texto. Há duas funções claras: caracterizar a água e promover a continuidade do texto ( refletindo o fluxo da água)

Literatura : O poema Ato de contrição, depois de se confessar do poeta Barroco, Gregório de Matos apresenta o elemento água como metáfora . Vale a pena analisar as semelhanças e diferenças.

Fechamento:

Após a análise da canção, retome o provérbio do início da aula e mostre aos alunos a força figurativa da “água” como metáfora para vida e para os caminhos humanos.

Proponha textos em que sejam empregadas figurações para “água” ou outro elemento da natureza.

Fixação da aprendizagem:

Texto interessante para analisar a metonímia “coração” e a metáfora marítima.

Velas içadas

Composição: Ivan Lins / Vitor Martins

Seu coração é um barco de velas içadas
Longe dos mares, do tempo, das loucas marés
Seu coração é um barco de velas içadas
Sem nevoeiros, tormentas, sequer um revés

Seu coração é um barco jamais navegado
Nunca mostrou-se por dentro, abrindo os porões
Seu coração é um barco que vive ancorado
Nunca arriscou-se ao vento, às grandes paixões

Nunca soltou as amarras
Nunca ficou à deriva
Nunca sofreu um naufrágio
Nunca cruzou com piratas e aventureiros
Nunca cumpriu o destino das embarcações



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