terça-feira, 27 de março de 2012

CONCORDÂNCIA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Certo ou errado?

A aula premiada deste mês nos foi enviada pelo professor Pedro Albuquerque, de Manaus, que trabalha a relação entre o estudo da concordância e o das variantes linguísticas.

A proposta da aula é provocar no aluno reflexão sobre as possibilidades de uso do idioma e sobre a língua como agente formador de identidade cultural.

Espero que goste e fique entusiasmado a nos enviar a sua aula.

Concordância e variante linguística


Cuitelinho

Cheguei na beira do porto
Onde as ondas se espáia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai
Aí quando eu vim de minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
Os óio se enche d`água
Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai

  1. Peça a eles que transcrevam as relações de concordância transgressoras da norma culta.
  2. Discuta com os alunos o conceito de a variação linguística ea relação estabelecida entre discurso e identidade.
  3. Analise com o grupo a adequação ou não do discurso ao eu poemático da canção.
  4. Peça que transcrevam o texto de acordo com o que prescreve a norma culta.
  5. Faça um quadro comparativo e observe com o grupo se houve ou não perda de lirismo no texto
  6. Solicite aos alunos que pesquisem os diferentes registros orais da concordância verbal para que analisem as possibilidades em que se dá a relação sujeito e verbo.
  7. Proponha texto narrativo em que o narrador emprega a norma culta e as personagens da canção ( eu lírico e a amada) empregam a variante popular e regional. Esse tipo de exercício pode ajudar a compreender a relação entre discurso linguístico e identidade.

Exercício

Peça aos alunos que analisem a canção Saudosa Maloca de Adoniram Barbosa à semelhança do que se fez em Cuitelinho.

Saudosa Maloca

Se o senhor num tá lembrado
Dá licença de contá
Ali onde agora está esse adifício arto
Era uma casa véia, um palacete assobradado
Foi ali, seu moço
Que eu, mato Grosso e o Joca
Construímo nossa maloca
Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os home c'as ferramenta, o dono mandô derrubá
Peguemo todas nossas coisa
E fumo pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada táuba que caía, doía no coração
Matogrosso quis gritá, mas em cima eu falei
"Os home tá com a razão, nóis arranja outro lugá"
Só se conformemo quando o Joca falô
"Deus dá o frio conforme o cobertô"
E hoje nóis pega as paia
Nas grama dos jardim
E pra esquecê nóis cantemo assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Qui dim donde nóis passemo
Os dias feliz da nossa vida

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