Análise da atividade – outra forma de propor a atividade
Se o professor fizesse com os alunos exercícios para:
Explorar a função dos sentidos opostos nas palavras de cada verso ou a função da repetição da palavra ‘quero’ no início de cada um?
Procurar os efeitos do paralelismo sintático e semântico em todos os versos?
Explorar o efeito de ênfase na explicitação do pronome ‘eu’ em alguns versos?
Explorar estratégia de criar significação pelo recurso à metonímia ou à metáfora?
(p. 128)
O que estaria esse professor fazendo senão ‘ensinando também gramática’? Também, por quê?
Porque a gramática é constitutiva do texto, e o texto é constitutivo da atividade de linguagem. [...] Tudo o que nos deve interessar no estudo da língua culmina com a exploração das atividades textuais discursivas. [...] O conhecimento da nomenclatura e das classificações gramaticais, insistimos, é visivelmente irrelevante para se dominar as amplas exigências da atividade verbal.
(ANTUNES, 2007, p. 130-131)
Ainda, podemos refletir da seguinte maneira:
Quando ensinamos gramática, sob uma perspectiva que conceitua língua como sistema, como estrutura inflexível e invariável, estamos propondo um ensino gramatical calcado em nomenclaturas e classificações tradicionais que não dão conta de explicar estratégias, funções e efeitos de sentidos implicados na atividade verbal que se coloca em (dis)curso, nas atividades interativas, nas quais a única forma de se usar a língua é o texto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário