Dieli Vesaro Palma (PUCSP)
INTRODUÇÃO
Este artigo divide-se em quatro partes, além da introdução. Na primeira, serão conceituados a Historiografia Lingüística, como área de conhecimento da Lingüística e o princípio de contextualização, como procedimento analítico, que orientará o desenvolvimento do trabalho. Na segunda, será reconstituído o clima de opinião do século IV a.C na Grécia, mais especificamente em Atenas para, em seguida, apresentarem-se alguns gêneros que estiveram presentes nessa sociedade, como decorrência do espírito de época. Na 3ª parte, desenhar-se-á o clima de opinião do início do século XIX, como cenário para a discussão do gênero romance, revisto e firmado à luz desse momento histórico e, na 4ª parte, será esboçado o clima de opinião do século XX, sobretudo nos seus anos finais, para se discutir o surgimento de gêneros como o Chat e o Chat educacional, resultantes do progresso tecnológico. Na 5ª parte, serão feitas considerações finais sobre o tema exposto.
I- BREVE CARACTERIZAÇÃO DA HISTORIOGRAFIA LINGÜÍSTICA
Entende-se a Historiografia Lingüística não como um relato ou crônica de fatos passados, mas sim como a descrição e explicações de como se produziu e desenvolveu o conhecimento de qualquer natureza em um determinado contexto social e cultural através do tempo. (Altmann, 1998). Assim, o historiógrafo deve ter como objetivo descrever e explicar como se adquiriu, produziu e desenvolveu o saber lingüístico em determinado contexto, tendo para isso, conhecimento amplo dos diversos campos científicos e favorecendo o re-estabelecimento da História, ou seja, ele deve reconstruir no presente o passado. Um dos princípios que orienta o trabalho historiográfico é o princípio da contextualização. Em outras palavras, o historiógrafo deve retomar as idéias produzidas no período sob estudo nos diferentes campos do saber, objetivando verificar como elas influenciam o fato de linguagem sob investigação, ou seja, ele deve buscar como o espírito de época projeta-se no objeto pesquisado. Daí a breve caracterização de três épocas nessa exposição, pois nosso objetivo, ao reconstruir três momentos pretéritos da linguagem, é destacar como o espírito da época impregnou a linguagem no que tange aos gêneros e como eles, hoje, persistem sob nova configuração.
II-
A ANTIGÜIDADE GREGA E OS GÊNEROS TEXTUAIS
Os séculos V e IV a. C. caracterizam, na história grega, a chamada época clássica. É um período de intensa agitação política, de grande esplendor artístico e cultural, no qual se constroem as bases do conhecimento do Ocidente, que fundamentam as produções intelectuais de grande parte do mundo ocidental produzidas até hoje. Nesse período, Atenas reina soberana. Por volta de 510 a.C., Clístenes, cidadão de origem aristocrática, mas de tendências populares, é encarregado de proceder à revisão das leis de Sólon, dando-lhes um caráter democrático. Realiza inúmeras reformas, trazendo a paz para Atenas, o que leva ao desenvolvimento do comércio e da indústria. Assim, inicia-se a era de prosperidade ateniense, cuja democracia é consolidada por Péricles. Entre outras realizações, Péricles desenvolve ao máximo o sistema dos tribunais: em
lugar de uma corte suprema, cria tribunais populares com autoridade para julgar todos os tipos de causas. No início de cada ano, é organizada, por sorteio, uma lista com o nome de 6000 cidadãos das várias partes da região. Dela são votados os membros dos júris que atuarão nos processos privados. Cada júri procede como uma corte com poder decisório sobre todas as questões, por maioria de votos. Esses tribunais são presididos por magistrados, que não têm prerrogativas de juiz. O próprio júri é o juiz e não há apelo da sua decisão. Esse é um sistema jurídico absolutamente democrático. Por decisão de Péricles, os juízes que integram os tribunais populares passam a ser remunerados e, posteriormente, ele estende o pagamento aos membros da Assembléia Popular, que é o órgão mais importante do governo, o qual vota as leis, nomeia e vigia os magistrados ou funcionários. Tal medida atinge os atenienses pobres que assim podem participar de forma mais ativa dos assuntos públicos. Apesar dessas medidas de caráter democrático, Péricles restringe o conceito de cidadania. Os descendentes de estrangeiros, os metecos, são excluídos da vida pública. Também as mulheres e os escravos continuam não tendo direitos políticos. Assim, a democracia ateniense não abrange todos os habitantes da cidade: ela é um regime de igualdade política, reservado a uma minoria de privilegiados que constituem a classe cidadã Nessa época, em Atenas, um cidadão, ao mesmo tempo, atua como se fosse um comerciante e um deputado, podendo ainda, em certos casos, ser magistrado, empregado de menor categoria ou oficial do exército, sempre por sorteio. Nesse sentido, todos os cidadãos são iguais em direitos e tomam parte no governo e na administração pública. Esse governo de um estado em que o povo exerce a soberania, chama-se democracia. Nessa democracia, todos os cidadãos legislam ou julgam como membros da Assembléia: é uma democracia direta.
Nessa sociedade democrática, as letras e artes predominam. A Ciência, em parte de origem oriental, é produzida com alto grau de abstração e, por meio de poderoso raciocínio, atinge a perfeição das generalizações. Cumpre destacar que, nesse período, ciência e filosofia caminham juntas, em algumas áreas. É o que se pode constatar na Biologia e na Medicina. O espírito inquieto e reflexivo do ateniense leva-o a refletir sobre os problemas do homem e do universo, produzindo, assim, o desenvolvimento da Filosofia. Entre os muitos nomes dessa área podem ser destacados os de Sócrates Platão e Aristóteles. A arte grega simboliza o humanismo, considerando o homem como a mais importante criatura do universo. Essa arte, tendo como manifestações principais a arquitetura e a escultura, reúne os ideais de harmonia , ordem e moderação. Ela é a expressão da vida nacional, tendo não apenas fins estéticos mas também políticos: representa o orgulho do povo pela sua cidade.
Nesse contexto, em que democracia e orgulho da cidade unem-se, exercer a cidadania tem características específicas. Implica o uso da palavra em público, seja para participar de atividades políticas, seja de atividades jurídicas, seja de atividades festivas. É esse espírito de época que possibilita o desenvolvimento e a sistematização de gêneros.
A caracterização, a explicação e a normatização dos gêneros ocorre, pela primeira vez, na Grécia em dois ramos de atividades sócio-culturais - na literatura e na oratória - para, posteriormente, estenderem-se a outros campos humanos de ação. Inicia-se esta exposição pela oratória.
Uma das obras em que Aristóteles focaliza os gêneros é na Arte Retórica. Para o filósofo, a Retórica é um conjunto de conhecimentos de categorias e regras do qual apenas uma parte diz respeito aos aspectos lingüísticos. Ela é uma técnica entendida como “a faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode ser capaz de gerar a persuasão” (Retórica,s/d: capítulo II, p.33). É uma retórica da prova e do raciocínio, representando uma racionalização da fala selvagem cujo poder foi percebido pelos sicilianos. Aproxima-se da filosofia, apresentando três partes que são assim caracterizadas, segundo Ricoeur (1983:13): uma teoria da argumentação, uma teoria da elocução e uma teoria da composição do discurso. A partir dessa concepção, o Estagirita apresenta a tríplice divisão dos gêneros: o jurídico, o deliberativo e o epidítico.
O gênero jurídico tem por objetivo a acusação ou a defesa, caracterizando-se como o discurso pronunciado por um advogado perante o tribunal em casos de processos penais, sempre com vistas à persuasão. Baseia-se no critério do justo e do injusto e a base da sua argumentação é o entimema2. Quanto ao tempo, esse discurso, focaliza um fato passado. O deliberativo tem por objetivo aconselhar ou desaconselhar, caracterizando-se como o discurso pronunciado pelo representante de um partido político aos membros de uma assembléia popular. Baseia-se no critério do útil e do nocivo para a cidade e a base da sua argumentação é o exemplo. Quanto ao tempo, destaca um fato futuro. O epidítico ou demonstrativo tem por objetivo o louvor ou a censura, caracterizando-se como o discurso pronunciado em situações festivas, homenageando ou vilipendiando pessoas dignas de louvor ou de crítica / injúria diante do grande público. Baseia-se no critério do belo e a base de sua argumentação é amplificação, exaltando a virtude ou o vício Quanto ao tempo, esse discurso trata de um tema de interesse atual.
Como mostra Lausberg (1972:84), os dois primeiros têm em vista uma alteração da situação realizada pragmaticamente, ou seja, no decorrer dos acontecimentos, que é exterior e socialmente relevante, a mudança ocorre no nível do pensamento. Para que se dê essa alteração, concretizada pelo árbitro da situação – juiz ou assembléia popular – os preceitos processuais devem ser rigorosamente obedecidos. Quanto ao epidítico, o objetivo de alterar a situação deve estar posto na intenção do orador que busca a confirmação de uma situação pressuposta como constante, atribuindo-lhe um valor ou de louvor ou de censura.
Sendo a Retórica uma tecné, ela tem por objetivo a formação do cidadão, desempenhando, portanto, uma função pragmática, por preparar o indivíduo para a ação, característica essencial da cidadania no contexto da cidades-estado gregas. Para atingir esse fim,o domínio dos gêneros textuais é a ferramenta fundamental para se obter a adesão de um auditório ao ponto de vista defendido. Assim, pode-se constatar que, na Grécia, em relação aos gêneros tanto houve uma reflexão teórica, representada por Platão, nA República e por Aristóteles na Poética, quanto uma proposta pragmática, explicitada na Arte Retória do Estagirita.
Levando-se em conta a literatura, o primeiro estudioso a fazer referência aos gêneros é Platão no livro III de A República. Ele busca fundamentar e caracterizar os gêneros literários e, em face da relevância de sua proposta e de sua repercussão posterior, ela é considerada um dos marcos fundamentais da genologia, ou seja, da teoria dos gêneros literários. (Aguiar e Silva, 1991:340) Seu foco é o modo de operação do poeta, a saber a representação.(Genette, 1986:26)
Segundo esse autor, para Platão, todo poema é uma narrativa de acontecimentos presentes, passados ou futuros, a qual pode apresentar-se como pura narrativa, como mimese, tal como ocorre no teatro em que o dizer se concretiza por meio de diálogos entre as personagens ou como narrativa mista, na qual estão presentes tanto a narrativa quanto o diálogo como se verifica em Homero. A partir desse critério, propõe uma divisão tripartida que abrange o gênero imitativo ou mimético que engloba a tragédia e a comédia, o gênero narrativo puro do qual faz parte prioritariamente o ditirambo e o gênero misto que se caracteriza pela epopéia. Ainda de acordo com Genette,verifica-se que toda a forma de literatura – lírica ou prosa - que não seja representação é excluída da classificação do filósofo, fato que será o ponto fulcral das discussões posteriores da poética.
Ainda na Antiguidade Clássica, o segundo filósofo a refletir sobre esse tema é Aristóteles. Ele apresenta suas idéias sobre gêneros literários na Poética. Nessa obra, invertendo a proposta de Platão, apresenta a poesia como mimética ou representativa, entendendo a mimese como a representação de acontecimentos reais ou fictivos. Assim a poesia seria a arte de imitação em verso, na qual são considerados o objeto imitado, ou seja, os seres humanos em ação que são representados como superiores, iguais ou inferiores ao comum dos mortais (Genette, 1986:28) e o modo de imitar, que pode caracterizar-se pelo contar e pelo agir das personagens por meio da fala. Em comparação com a classificação platônica, vê-se que o gênero misto desaparece na classificação aristotélica. Para Genette, essa diferenciação mostra diferentes situações de enunciação: “no modo narrativo o poeta fala em seu nome próprio, no modo dramático são as próprias personagens, ou mais exactamente, o poeta disfarçado doutras tantas personagens.” (p.29) Essa posição de Genette já aponta para questionamentos futuros que serão feitos sobre os gêneros, sobretudo com base em Bakthin, nos quais o contexto e a interação, elementos da enunciação, serão aspectos essenciais.
Cruzando os dois tipos de objetos com os dois modos de expressão, ter-se-ão quatro classes de imitação, que correspondem ao que tradicionalmente é chamado de gêneros literários.Tem-se assim a tragédia, em que o poeta conta ou põe em cena personagens superiores e a comédia, em que o poeta conta ou põe em cena personagens inferiores. A primeira caracteriza o dramático superior e a segunda, o inferior. Ao lado desses dois gêneros, tem-se a epopéia ou narrativo superior e a paródia ou narrativo inferior, centrados no narrar.
É conveniente destacar-se que o modo dramático é o privilegiado pelo Estagirita, sendo destacada na Poética a superioridade dele em relação ao modo narrativo, sobretudo a tragédia , por ser ela a “imitação de uma ação de caráter completo, de uma certa extensão, em uma linguagem assinalada por temperos de uma espécie particular conforme com as diversas partes, imitação que é realizada por personagens em ação e não por meio de uma narrativa e que, suscitando piedade e temor, opera a purgação própria a emoções semelhantes.” (apud Costa Lima, 2002:255). A comédia, em contraposição, consiste na imitação de pessoas inferiores; ela focaliza o feio sem atingir, porém, a vilania, resultando de uma falha da personagem, tal como ocorre na tragédia, sem contudo causar dor ou destruição, não possibilitando, portanto, a catarse. Seu objetivo é expor a personagem ao ridículo. Assim, no entender de Costa Lima (2002:256), esses dois gêneros diferenciam-se pelo tratamento diverso que é dado à falha da personagem: hamartia para a tragédia e hamartema para a comédia. Na tragédia, a hamartia é tomada literalmente e a sua punição é ampliada; na comédia, a hamartia é distorcida pela caricatura e a punição é marcada pelo malogro e pela mortificação, sendo, portanto, ridícula.
A épica, modo narrativo superior, por seu turno, apresenta estreita relação com a tragédia, uma vez que suas partes são praticamente as mesmas, diferenciando-se dela, porém, pelo metro e pela extensão. Apesar de caracterizar esse gênero como narrativo, Aristóteles, reconhece e destaca o seu caráter misto, já que, na epopéia, há palavras introdutórias proferidas pelo poeta que, em seguida, cede a palavra ou a cena às personagens. Quanto à paródia, o narrativo inferior, caracteriza o narrativo cômico concretizando-se na imitação / cópia de epopéias. Esse gênero não sobrevive até os dias atuais.
Ele acrescenta um terceiro critério para sua classificação, os meios, representando a expressão por meio de gestos ou palavras ou ainda em verso ou em prosa; entretanto esse aspecto, segundo Genette (1986:29), não foi aprofundado na Poética.
Em síntese, a reflexão grega sobre os gêneros, a partir da literatura, apresenta ou a tripartição platônica (gênero narrativo, misto e dramático) ou o par aristotélico (gênero narrativo e gênero dramático), apresentado na Poética, tendo sido essas propostas orientadoras das discussões sobre o tema, desenvolvidas ao longo de 2000 anos. Nessas duas classificações, não parece estar explicitamente contemplado o gênero lírico, que será objeto de uma sistematização posterior.
Em suma, no século de ouro da vida ateniense, há uma decorrência natural entre a relação democracia e gêneros textuais assim como entre a relação produção artística e gêneros, tendo sido gestadas, nesse período, modalidades genéricas que, ao longo dos tempos, sofrerão modificações, originando novos gêneros .
III- A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL DO SÉCULO XIX E OS GÊNEROS TEXTUAIS
Os séculos XVII e XVIII d.C. foram marcados pela Revolução Intelectual, a qual abre espaço, nos séculos XIX e XX, para a Revolução Industrial, decorrente do grande progresso da ciência e da técnica. Esse espantoso desenvolvimento científico ocorre na época do Romantismo, podendo ser destacadas como causas, entre outras, as seguintes: aplicação rigorosa do método de observação e experimentação; invenção de aparelhos como a câmara fotográfica e o espectroscópio; aperfeiçoamento de aparelhos como o microscópio e o telescópio; aumento do número de investigadores, como conseqüência do aumento de escolas superiores, do nível de educação das massas e do interesse pela cultura e pelas ciências humanas. Para muitos estudiosos, o século XIX é o início da era científica. Podem ser constatados avanços na Matemática, na Astronomia, na Física, na Química, na Biologia, nas Ciências Naturais, nas Ciências da Linguagem, nas Ciências Sociais e na Filosofia.
No final do século XVIII, ocorrem guerras e revoluções, em diversos países, que abolem as elites governantes e, segundo Saraiva (1961:105), elas privam de sua base de vida a elite literária que se exprimia na tragédia e em outros gêneros clássicos. A sociedade passa por grandes transformações como decorrência dos princípios defendidos pela Revolução Francesa: Igualdade, Liberdade, Fraternidade. Esses princípios terão profundos reflexos na produção artística do século XIX e na constituição da sociedade.
Nesse sentido, do ponto de vista político, as idéias liberais, surgidas na Inglaterra e difundidas na França, triunfam com a Revolução Francesa. A partir delas, do ponto de vista social, surgem duas classes distintas e em oposição: a classe dominante, representada pela burguesia capitalista industrial, e a classe dominada, representada pelo proletariado. Essa configuração de sociedade vai conviver com as novas manifestações da arte, representadas pelo Romantismo.
Especificamente em relação à literatura, o Romantismo é visto como um movimento literário, que caracteriza um estilo de vida e de arte predominante na civilização ocidental, no período que compreende, aproximadamente, a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX, marcado por traços como, imaginação criadora, subjetivismo, evasão ou escapismo, senso do mistério, consciência da solidão, reformismo, presença do sonho,da fé, do ilogismo, do culto à natureza, do retorno ao passado, pela ânsia de glória e pela idealização da mulher. É, portanto, um movimento de reação ao racionalismo do século XVIII, tendo ultrapassado o âmbito da arte e significado uma profunda revolução espiritual ampla e complexa. Além dos traços apresentados, propõe ainda mistura de gêneros, opondo-se às normas clássicas, que limitavam e fixavam os gêneros, fazendo–os, inclusive, corresponder a uma hierarquia social. Impõe a mescla, a evolução, a transformação e o desaparecimento de velhos gêneros, bem como o nascimento de novos. Esse processo vai ao encontro do novo status social vigente, no qual a burguesia assume o lugar da aristocracia, adequando-se a literatura do ponto de vista de seus gêneros ao povo. Nesse sentido, para Compagnon(http://www.fabula.org/compagnon/genre.php.), há uma nova tripartição dos gêneros em romance, poesia e teatro. O romance sofre variações, ganhando a simpatia do novo tipo de leitor.
Em relação a esse gênero parecer ser importante refazer-se o seu histórico para melhor compreendê-lo no contexto do século XIX. O romance, como gênero textual, não nasce no século XIX. Sua origem pode ser situada nas narrativas orais primitivas e nas proximidades da epopéia, a qual, por pressões sociais, vai sofrendo alterações ao longo dos tempos. No século XVI, por exemplo, na literatura espanhola, encontra-se o romance picaresco, como o Lazarillo de Thormes, que narra as proezas de um pícaro, homem jovem, pobre e ardiloso que vive aventuras plenas de sobressaltos e de imprevistos. Apesar dessa longa história, o gênero romance, tal como é conhecido hoje, é um gênero recente.
A palavra romance surge na Idade Média, referindo-se a um modo de falar, típico das línguas românicas em oposição à forma da língua latina. Caracteriza-se como um registro popular e inferior tal como o gênero que futuramente essa palavra vai designar, considerado subalterno em relação a outros mais nobres. Assim, a produção registrada em romance, seja em poesia, seja em, prosa, como poemas hagiográficos, epopéias em versos octossilábicos e relatos de estilo romanesco, caracteriza-se pela ruptura com a oralidade e indica o surgimento de uma nova retórica que marcará futuramente o romance moderno que terá como marcas a presença do cotidiano, a preocupação com verossimilhança, a valorização do individual em lugar do coletivo, a rapidez da narração e o gosto pela amplificação.
Apesar dessas particularidades, definir-se romance tem sido um desafio enfrentado pelos teóricos. Stalloni (2003: 94), com base em Coulet, apresenta uma das primeiras definições desse gênero, a qual foi proposta por Huet em 1670, dando ênfase aos aspectos essenciais dessa modalidade genérica e mostrando sua estreita relação com o espírito da época em que são produzidas as obras que a concretizam e com a necessidade de observância das marcas genéricas:
O que se chama propriamente de romances são histórias fingidas de aventuras amorosas, escritas em prosa, com arte, para o prazer e a instrução dos leitores. Digo histórias fingidas a fim de distingui-las das histórias verdadeiras; acrescento aventuras amorosas porque o amor deve ser o principal assunto. É preciso que elas sejam escritas em prosa, para que estejam em conformidade como o uso deste século; é preciso que sejam escritas com arte e sob certas regras, pois de outra forma não passariam de um amontoado confuso, sem ordem, nem beleza.
(Carta ao senhor de Segrais sobre a origem dos romances (1670), reproduzida em Idéias sobre o romance, org. de Henri Coulet, Larousse, 1992, p. 110)
Apesar do pouco caso com que muitos estudiosos tratam o romance, conforme destaca Stalloni (2003:102 apud M. Zeraffa), como Boileau, por exemplo que não faz referência a ele e outros teóricos que o consideram uma epopéia decaída, ele se impôs a partir do século XVIII em face das mudanças sociais, tendo passado de expressão menor a gênero quase absoluto por sobrepor-se aos gêneros clássicos.
Nesse período, como exemplo da estreita relação entre mudanças sociais e surgimento e/ou renovação de modalidades genéricas destaca-se o romance policial. Dadas as condições da sociedade, no final da primeira metade do século XIX, surge um novo tipo de romance, nos Estados Unidos, na prosa de Edgar Allan Poe.
É o surgimento de jornais populares dirigidos a um público específico, afeiçoado a narrativas de fatos raros, relatados nesses periódicos, é a nova realidade dos centros urbanos industriais com problemas de insegurança, que levam a população a não confiar na polícia em face de seus quadros serem constituídos por ex-infratores, é a adesão às idéias positivistas e à nova concepção de Homem, é a aceitação de que o criminoso é um inimigo social, enfim é o somatório de todos esses fatores que levam ao nascimento do romance policial moderno, o qual teve plena aceitação popular, desempenhando, inclusive, uma função social, o do ócio produtivo.
De acordo com Reimão (1983:18), esse novo gênero introduz um arquétipo literário, o detetive amador, que coleciona enigmas. Nesse sentido, afirma o autor:
Para Dupin, assim como para a maioria dos detetives posteriores ao chamado romance enigma investigar é um “hobby” um passatempo que se apresenta como um substituto do ócio, e esta será a forma básica de apresentação da narrativa policial ante o leitor – a narrativa policial, pelo menos em seu início, propor-se-á ao leitor como uma agradável e estimulante forma deste último ocupar seu ócio.
O teatro, por sua vez, também se renova, ao libertar-se das amarras das regras das três unidades, permanecendo apenas a unidade de ação. Ele amplia a sua temática, tomando forma nova, cores e costumes locais, fundamentando-se, enfim, nas particularidades da sociedade. O drama romântico, marcado pelo contraste, une o belo e o feio, o nobre e o grotesco, ligando ainda verso e prosa. Em suma, nova configuração social e novas formas de pensar conduzem à renovação dos gêneros.
IV -A ERA DA TECNOLOGIA E OS NOVOS GÊNEROS TEXTUAIS
Focalizar-se o século XX é, do ponto de vista cultural, compor-se um multifacetado quebra-cabeças que identifica esse período. São evidências dessa diversidade as diferentes qualificações atribuídas pelos estudiosos a ele, que também do ponto de vista cronológico, não é consensualmente caracterizado pelas mudanças em todos os campos que apresenta. Assim, Hobsbawn (1995) denomina-o a Era dos Extremos, marcando-o temporalmente entre os anos 14 e 91. Sevcenko (2001) , por sua vez, utiliza a metáfora da montanha-russa, tentando sintetizar com ela as emoções vivenciadas pelo homem, em face de novas descoberta, em face dos acontecimentos vividos, seja pela sua intensidade (pense-se nas duas grandes guerras e outras menores), seja pela sua extensão em face do progresso rápido e assustador (aeroplano, supersônicos, cinema, televisão, Internet), enfim em face dos rumos tomados pela humanidade nesses cem anos. Portanto, em espaço exíguo não é fácil caracterizar-se o século passado.
Nesse momento, é importante chamar-se a atenção para dois aspectos que estão mais diretamente relacionados com os propósitos deste artigo: o progresso tecnológico e a importância da linguagem nesse período. O primeiro decorre da indústria bélica, uma vez que as guerras ocorridas no novecentos diferenciam-se profundamente das contendas de períodos anteriores: não é a luta em que os adversários se confrontam mais proximamente, mas são batalhas em que o aparato bélico passa a ser o elemento principal. Como decorrência da produção desse tipo de material, outros avanços surgem: nos eletrodomésticos, nas máquinas utilizadas para a comunicação a distância, na Medicina, com aparelhos cada vez mais sofisticados, etc.Também novos materiais decorrem dessa industria bélica, que trazem avanços na Biociência, por exemplo. Um desses progressos tecnológicos está na área da comunicação, o que facilita a globalização, outra característica do século XX. A Internet, que hoje conecta o mundo, resulta desses avanços, auxiliados pelo computador, outra conquista dessa época. Nesse processo, as tecnologias da informação têm impactado os diversos setores da sociedade, num mundo globalizado e conectado em rede. Esse deslocamento tem afetado não só a organização da sociedade mundial mas também a mentalidade dos indivíduos que a integram, o que pode ser comprovado pelas palavras de Fernández (1998:14), ao afirmar:
Quem tiver a informação, a tecnologia e o domínio desta para utilizar e explorar aquela, poderá produzir mais e conseqüentemente ser mais competitivo. Esse simples fato, que em outros momentos significaria uma vantagem limitada, ao final e começo de século, com uma economia globalizada, que, por sua vez, torna possíveis também as novas tecnologias da informação e da comunicação, nesses momentos, dizíamos, esse simples fato muda o panorama econômico do mundo, condiciona e reorienta o futuro das pessoas, de seu trabalho, das formas de se relacionarem, de se distraírem ou de se divertirem. Definitivamente, mudam as bases materiais de nossas vidas e, em conseqüência, muda a sociedade. 4 (Tradução da autora)
Ainda segundo esse autor, cumpre-se a profecia de McLuhan, quando via os meios de comunicação como extensão do homem. Nesse sentido, ele destaca que as novas tecnologias da informação e outras existentes na sociedade da informação têm a função de potencializar o poder da mente e do conhecimento humano, possibilitando a materialização de sonhos, fantasias e projetos que se tornarão reais na futura sociedade do conhecimento.
O segundo aspecto importante a ser destacado é o papel relevante que a linguagem ganha nesse período. Ela está presente em diversos campos do saber humano, como na Filosofia em que diferentes correntes de pensamento discutem sua natureza e importância na vida humana, nas artes nas quais é objeto de experimentação, como ocorre na pintura, na Música, na Escultura e, sobretudo, na Literatura (o Modernismo é um excelente exemplo desse interesse pela linguagem) e na própria ciência, uma vez que a Lingüística como a ciência que tem como objeto de estudo a linguagem surge e firma-se nesse período. Em suma, avanços tecnológicos e linguagem são dois eixos que orientam a construção de conhecimentos no novecentos.
Como conseqüência desse progresso tecnológico, já se disse, surge a possibilidade de conexão entre os indivíduos que espacialmente estão distantes. Conectam-se em rede para as mais diversas atividades, desde a concretização de negócios até as conversas informais. Esse novo aparato amplificador da produção e da recepção de informações caracteriza uma nova modalidade de comunicação: a terciária (cf. Palma, 2002: 115), a qual levará ao surgimento de novos gêneros textuais, entre eles o Chat. Assim, a tecnologia, tem produzido novos gêneros que caracterizam a chamada e-comunicação (cf. Marcuschi, 2004:13).
Dessa forma, o impacto da tecnologia na vida contemporânea é muito grande e tanto poderá ser benéfico como destruidor. O uso abusivo da Internet, por exemplo, pode causar danos irreparáveis a crianças e adolescente, como o afastamento do convívio social real, fato já apontado por muitos especialistas. Marcuschi (2004:14), apoiado em Crystal, chama a atenção para a participação indefinida nos bate-papos em salas abertas, vista como uma atividade que se parece com um enorme jogo maluco sem fim ou, então, assemelha-se a uma “festa lingüística” (linguistic party) para onde levamos nossa “língua” ao invés de nossa bebida.
A Internet contém uma área com documentos em hipermídia, a WEB (World Wide Web ou WWW), uma combinação de hipertexto, outra manifestação de linguagem hoje muito freqüente, decorrente da tecnologia, com multimídia. Os documentos em hipermídia contêm textos, imagens e arquivos de áudio e vídeo, além de ligações com outros documentos na rede. Nesses documentos, as linguagens misturam-se e completam-se. Nesse contexto, segundo Marcuschi (op. cit.:14), a introdução da escrita eletrônica está produzindo uma cultura eletrônica, com uma nova economia da escrita. Essa situação, ainda de acordo com esse autor, gera o letramento digital, fenômeno a ser melhor conhecido e leva à radicalização da escrita, conceito proposto por Yates, tornando a sociedade contemporânea textualizada, ou seja, vive um processo de passagem para o plano da escrita. Concomitante ao aparecimento de uma nova forma de letramento, surge também uma nova forma de exclusão, a digital, que afasta um enorme contingente de seres humanos do acesso à informação, na chamada sociedade do conhecimento. 5 São os paradoxos criados pela tecnologia.
O Chat como gênero textual caracteriza-se como um espaço para a conversa informal, a chamada sala de bate-papo. Veio substituir, em face das características da vida moderna, a antiga rodinha de amigos. Em sentido amplo, apresenta como características ser uma produção escrita e síncrona, na forma de diálogo, no qual os turnos não ocorrem necessariamente em seqüência encadeada, por razões, muitas vezes, técnicas, sendo os textos produzidos nos turnos de curta extensão. A linguagem utilizada está próxima da oral, porém grafada, como forma de interação entre os membros do grupo. Hoje, essa modalidade genérica tem um papel relevante na vida de muitas pessoas, sobretudo na dos adolescentes.
Também como decorrência da tecnologia, surge a educação a distância e, para garantir um aspecto fundamental do processo de ensino e aprendizagem, qual seja, a interação, cria-se o Chat educacional, apontado por Geraldini (2003- mimeo), como um instrumento útil para nos apropriarmos de novas formas de organizar e administrar os relacionamentos interpessoais nesse novo contexto, ou seja, nos apropriaremos de novos modos de interação social em um ambiente voltado à construção conjunta do conhecimento. Essa nova forma de interação leva à produção de novas modalidades de enunciados que, pelo uso constante nesse ambiente e nesse tipo de meio, produzem um novo gênero textual. Em suma, o bate-papo informal, gênero estritamente oral, passa, pela pressão de novos cenários presentes no mundo contemporâneo, por um processo de mudança, gerando o Chat, o qual, por sua vez, sofre adaptações para ser utilizado em uma nova modalidade de educação na qual professor e alunos não partilham o mesmo espaço real, mas interagem por meio do ambiente virtual.
V- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo objetiva mostrar, numa perspectiva histórico-cronológica, seguindo princípios da Historiografia Lingüística, a relação entre as formas de pensar de um dado período, o seu espírito de época, e o aparecimento ou modificação de gêneros textuais. Ao longo da exposição verificamos que cada um dos períodos destacados tem uma marca em seu espírito de época: o século de ouro de Péricles centra-se no exercício da cidadania, sendo a democracia o seu eixo norteador, daí o desenvolvimento da retórica e dos gêneros a ela ligados; além disso, a importância da arte na sociedade ateniense, como manifestação de harmonia e equilíbrio, exige, para não haver rupturas, a sistematização de normas na produção artística, daí os gêneros da poética. No século XIX, nos seus anos iniciais, a grande preocupação é a liberdade em sentido
amplo, daí, na literatura, a renovação do romance e do teatro, que rompem com as amarras da tradição; nos anos finais do século XX, a tecnologia assume um papel fundamental na vida do homem, mesmo porque, como diz Castells (1999), vivemos na sociedade da informação e não mais da globalização. Para se ampliarem as possibilidades de acesso a ela, a conexão é fundamental. Uma das formas de estar com outro são as salas de bate-papo, que, com a necessidade de aumento, sobretudo no Brasil, dos índices de escolaridade, transformam-se no Chat Educacional. Todas essas situações mostram-nos que espírito de época e gêneros textuais caminham de mãos dadas, o que justifica afirmar-se que os gêneros surgem ou modificam-se para atender a demandas específicas das diferentes comunidades que compõem a sociedade, decorrentes do momento vivido por esses grupos, seguindo a uma forma de pensar típica desse período. A descrição de gêneros com base no espírito de época possibilitou a reconstrução do passado no presente, evidenciando que, em termo de gêneros textuais, ocorre, com muita freqüência, a permanência deles na atualidade sob novas roupagens, condizentes com as necessidades e expectativas da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Obs: O narrativo puro que, para Platão era representado pelo ditirambo, forma narrativa de poesia , não parece estar claramente relacionado à poesia lírica nA República; entretanto Aguiar e Silva (1991:341) aponta que “a diegese pura, sob o ponto de vista técnico formal da enunciação, abrange a poesia lírica (e sublinhe-se) o ditirambo, referido por Platão como manifestação exemplar da diegese pura, constitui uma das variedades da lírica coral grega.”
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